Tilápia: da força do Paraná ao risco das decisões de Brasília – por Geraldo Mendes, deputado federal

Tilápia: da força do Paraná ao risco das decisões de Brasília – por Geraldo Mendes, deputado federal

O Paraná é o coração da produção de tilápia no Brasil. Somos responsáveis por quase 40% de toda a criação nacional — uma atividade que movimenta mais de R$ 1,6 bilhão por ano, gera milhares de empregos e garante renda para famílias em todas as regiões do estado. A piscicultura paranaense é um exemplo de eficiência, sustentabilidade e desenvolvimento local.

Mas uma proposta recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, acendeu um alerta no campo: a intenção de incluir a tilápia na lista de espécies exóticas invasoras.

Se essa medida avançar, o impacto será devastador. A decisão ameaça não apenas a economia do Paraná, mas também a segurança alimentar e a estabilidade de um setor que se consolidou como referência mundial em produtividade e respeito ambiental.

O peso do Paraná na piscicultura brasileira

De acordo com a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o Paraná produziu 190,5 mil toneladas de tilápia em 2024 — o que representa 38,8% da produção nacional. O estado também responde por 70% das exportações brasileiras da espécie, somando US$ 34,6 milhões no último ano.

Mais de 360 municípios paranaenses contam com produtores de tilápia. Em cidades como Nova Aurora, Palotina e Assis Chateaubriand, a atividade é motor do desenvolvimento local, gerando tributos, empregos e oportunidades.

Esses números não são apenas estatísticas — são o retrato de famílias que vivem da piscicultura, de empreendedores que acreditaram no campo e de um setor que deu certo. Quando se ameaça a tilápia, ameaça-se toda uma cadeia de progresso construída com trabalho, tecnologia e responsabilidade.

O equívoco da proposta da Conab

A proposta da Conab, que inclui também culturas como eucalipto, pupunha, camarão, manga e goiaba, foi recebida com apreensão pelo setor produtivo. Classificar a tilápia como espécie “invasora” pode gerar restrições de licenciamento, travar investimentos e comprometer nossa competitividade internacional.

É um equívoco técnico e político que precisa ser corrigido. Não se pode tomar uma decisão dessa magnitude sem ouvir quem produz, quem pesquisa e quem vive da atividade. O produtor rural precisa ser respeitado — ele é parte da solução, não o problema.

No Paraná, os criadores seguem rígidos padrões ambientais, com monitoramento constante das espécies cultivadas. Há equilíbrio entre produção e preservação. Ignorar esse histórico em nome de uma tese descolada da realidade seria um retrocesso injustificável.

Diálogo e bom senso no Congresso

Como representante do povo paranaense, defendo que nenhuma política pública surja sem diálogo. É por isso que levarei essa discussão ao Congresso Nacional, propondo a suspensão da medida e a criação de um grupo técnico com universidades, produtores, órgãos ambientais e especialistas independentes.

Também defenderei audiências públicas regionais e estudos científicos sérios, para que qualquer alteração de classificação de espécies se baseie em evidências, e não em ideologias.

O Brasil precisa de políticas sustentáveis, sim — mas sustentáveis também do ponto de vista econômico e social.

Economia, ciência e respeito: o caminho certo

O futuro do agronegócio brasileiro depende de equilíbrio. As decisões devem se apoiar na ciência, não em pressões momentâneas. O produtor rural é, antes de tudo, o primeiro ambientalista do país. Ele sabe que sem cuidar da terra e da água, não há produção.

O que pedimos é simples: que o governo escute quem está no campo, quem gera emprego, quem produz o alimento que chega à mesa dos brasileiros.

A tilápia é símbolo de trabalho, inovação e superação. Transformou o Paraná em exemplo de eficiência produtiva e sustentabilidade. Colocar tudo isso em risco por falta de diálogo seria um erro grave — e um desrespeito a milhares de famílias.

Proteger o meio ambiente é fundamental. Mas isso não pode ser feito às custas de quem produz. O caminho é o diálogo — sempre.

Geraldo Mendes é deputado federal pelo União Brasil (PR)

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