Tecnologia e o contato digital com mortos

Reflexões sobre as implicações das IAs na vida após a morte

A tecnologia promete simular a presença de pessoas falecidas, mas traz dilemas éticos e emocionais.
Neste 2 de novembro de 2025, enquanto muitas pessoas visitam cemitérios e renovam suas memórias, surge uma nova fronteira tecnológica: a promessa de contato digital com os mortos. O uso de inteligência artificial (IA) para simular a presença e a voz de falecidos gera debates sobre suas implicações emocionais e éticas. Startups já oferecem ferramentas que permitem interações com ‘versões digitais’ de entes queridos, alimentadas por dados como mensagens e gravações de voz.
Implicações emocionais e éticas
Embora a tecnologia possa trazer conforto a pessoas enlutadas, especialistas alertam que a simulação da presença de falecidos pode dificultar a aceitação da morte. Esse fenômeno, chamado de “griefbots”, pode gerar dependência emocional e atrasar o processo de luto. Além disso, a questão do consentimento para a utilização de dados pessoais levanta preocupações éticas sobre a autenticidade das interações.
A mercantilização da morte
O mercado para a criação de avatares digitais já está em expansão, com serviços pagos para interagir com essas versões. Essa mercantilização pode transformar o luto em um produto, levantando questões sobre as consequências culturais e emocionais desse fenômeno. É fundamental refletir sobre como a tecnologia redefine a morte e o que isso significa para a memória e o legado.
Reflexões finais
Neste Dia de Finados, enquanto acendemos velas em memória dos que partiram, é essencial ponderar se o contato digital com os mortos é uma bênção ou uma armadilha. A tecnologia pode oferecer conforto, mas também pode tornar-se uma forma de alienação, substituindo os rituais de luto e a conexão humana. O que realmente precisamos pode não ser a extensão digital de vidas, mas uma memória digna e a coragem de deixar ir.





