Ativistas brasileiros presos em Israel enfrentam más condições, mas viagem já era considerada arriscada

A detenção de mais de 400 integrantes da chamada Global Sumud Flotilla, entre eles 14 brasileiros, incluindo a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e o ativista Thiago Ávila, tem repercutido em todo o mundo. Os advogados afirmam que os detidos passaram o dia 2 de outubro sem água e comida, mas o episódio reacende o debate sobre a própria decisão de participar da ação, considerada temerária por especialistas em segurança internacional.
A flotilha partiu rumo à Faixa de Gaza em meio a um dos momentos mais tensos da região, sob bloqueio e forte vigilância militar. Ainda assim, os ativistas optaram por seguir viagem sem nenhuma garantia de proteção, cientes de que seriam interceptados por Israel. Para críticos, a iniciativa expôs centenas de pessoas a riscos desnecessários e serviu mais como ato político do que missão humanitária.
Segundo relatos, as audiências realizadas em Ashdod se arrastaram por mais de 15 horas e tiveram restrições à defesa. Os presos foram levados à penitenciária de Kesdiot, no deserto de Negev, onde até protestaram com palavras de ordem como “Free Palestine”. Parte dos ativistas iniciou greve de fome, enquanto outros se recusaram a assinar o “Pedido de Saída Imediata”, documento que acelera a deportação mas implica em reconhecer entrada ilegal em Israel e banimento por cem anos.
Apesar das denúncias de más condições, críticos argumentam que a própria presença de parlamentares e militantes brasileiros numa zona de conflito é, por si só, uma irresponsabilidade. A missão não contava com segurança adequada nem aval internacional, tornando previsível o desfecho atual.
O governo brasileiro, no entanto, divulgou nota classificando a ação de Israel como “ilegal e arbitrária”, exigindo a libertação imediata de seus cidadãos. Para opositores, a posição do Itamaraty relativiza os riscos assumidos voluntariamente pelos próprios ativistas e ignora a gravidade de expor brasileiros a uma operação arriscada em território estrangeiro.