Operação da Receita Federal Mira Motéis Ligados ao PCC em Esquema de Lavagem de R$450 Milhões

A Receita Federal deflagrou a Operação Spare nesta quinta-feira, revelando um esquema complexo de lavagem de dinheiro que envolve motéis supostamente ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). As investigações apontam que as movimentações financeiras suspeitas, realizadas entre 2020 e 2024, alcançaram a cifra de R$ 450 milhões. A maioria dos estabelecimentos estaria registrada em nome de laranjas, buscando ocultar o rastro do dinheiro ilícito.
Além dos motéis, a organização criminosa diversificava seus investimentos em franquias, imóveis e até no setor de combustíveis. O esquema abrangia cerca de uma centena de franquias e dezenas de empreendimentos imobiliários, com atuação concentrada na capital paulista, Grande São Paulo e Baixada Santista. Essa diversificação demonstra a sofisticação das táticas utilizadas para dissimular a origem dos recursos.
O Ministério Público identificou uma série de motéis que supostamente integravam o esquema de lavagem de dinheiro. Entre eles, destacam-se o Maramores (Ribeirão Pires), Motel Uma Noite em Paris (Itaquaquecetuba) e Motel Chamour (Parque do Carmo). A lista completa inclui ainda estabelecimentos como Mille Motel (Jardim São Paulo), Motel Casual e Sunny Empreendimentos Hoteleiros (Santo André) e Marine (São Bernardo do Campo).
As autoridades também descobriram que restaurantes operando nesses empreendimentos, sob CNPJs distintos, faziam parte da engrenagem do esquema. Um desses restaurantes, por exemplo, registrou uma receita de R$ 6,8 milhões e distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros entre 2022 e 2023, levantando suspeitas sobre a real natureza dessas operações. Segundo a Polícia, o empresário Flávio Silvério Siqueira, apontado como operador da facção, foi alvo de buscas durante a operação.
De acordo com as investigações, Siqueira controlava os motéis por meio de laranjas, embora sua defesa negue qualquer envolvimento. A operação resultou na apreensão de quase R$ 1 milhão em espécie, uma arma, 20 celulares e diversos computadores. Bens de luxo, como um iate, helicópteros e um Lamborghini Urus, também foram identificados como adquiridos com recursos do esquema, representando apenas uma fração de um patrimônio bilionário. A Procuradoria-Geral do Estado aplicou medidas cautelares contra 55 investigados, bloqueando R$ 2,6 bilhões em bens, visando recuperar os recursos desviados e destiná-los a políticas públicas.
Fonte: http://revistaoeste.com