Ondas Gigantes e Alerta Climático: Ressacas no Litoral Brasileiro Explicadas

Ondas Gigantes e Alerta Climático: Ressacas no Litoral Brasileiro Explicadas

O fenômeno das ressacas, comumente observado no litoral brasileiro, tem gerado discussões sobre suas causas e relação com as mudanças climáticas. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de uma análise cuidadosa, que considere a complexidade dos fatores envolvidos, indo além de simples associações com o aumento do nível do mar.

Eventos recentes, como as ressacas que atingiram o litoral de Santos (SP) em julho e agosto, demonstram a importância de entender a dinâmica costeira. A intensidade desses fenômenos está intrinsecamente ligada a fatores meteorológicos, como a formação e a proximidade de ciclones extratropicais, bem como a aspectos astronômicos, como as fases da Lua.

A presença de um centro de baixa pressão atmosférica, característico dos ciclones extratropicais, é fundamental para a ocorrência de ressacas. A força dos ventos gerados por esses sistemas, proporcional à queda de pressão, impulsiona as ondas em direção à costa. Contudo, a intensidade da ressaca também depende da distância do ciclone e da fase da Lua, que influencia a amplitude das marés.

“A severidade da ressaca na costa está ligada à intensidade do CET e à distância da posição geográfica do seu núcleo”, explica o especialista. A combinação de marés altas, durante as fases de Lua Cheia ou Nova, com a força dos ventos, pode amplificar significativamente os efeitos da ressaca, causando maiores estragos nas áreas costeiras.

Analisando as ressacas recentes, observa-se que a ocorrência de julho foi mais intensa devido à combinação de um forte ciclone extratropical com a fase da Lua Nova, resultando em marés de grande amplitude. Já o evento de agosto, menos severo, foi influenciado por um ciclone menos intenso e por sua posição sobre o continente, que limitou seu desenvolvimento.

É importante ressaltar que a elevação temporária do nível do mar durante as ressacas não deve ser confundida com o aumento permanente do Nível Médio do Mar (NMM), relacionado às mudanças climáticas. A ocorrência de anticiclones, que resultam em calmaria e regressão do mar, exemplifica a variabilidade natural do nível do mar, independente das mudanças climáticas globais.

Ao longo dos anos, eventos ainda mais intensos foram registrados, como a ressaca de 2005, que causou danos significativos na orla de Santos. Cada ocorrência possui suas particularidades e deve ser estudada individualmente, sem generalizações ou alarmismos desnecessários. A adaptação e a convivência com o ambiente costeiro exigem conhecimento e planejamento, não apenas reações baseadas em temores infundados.

Com a chegada da primavera, a tendência é que os ciclones extratropicais se desloquem para latitudes mais altas, diminuindo a frequência e a intensidade das ressacas no litoral brasileiro. No entanto, é fundamental que os serviços meteorológicos e oceanográficos sejam consultados regularmente para monitorar as condições do mar e das praias, garantindo a segurança da população e a preservação do ambiente costeiro.

Fonte: http://revistaoeste.com

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