Tarifas dos EUA: Especialistas Alertam para Impacto Futuro na Economia Brasileira

A recente imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, que poupou cerca de 700 itens, ainda não se refletiu completamente no mercado. Apesar de um aumento de 48% nas exportações em julho em comparação com o ano anterior e da queda do dólar, especialistas preveem que os efeitos negativos podem surgir em breve.
Inicialmente, o mercado reagiu negativamente ao anúncio das tarifas, com o Ibovespa futuro e o dólar futuro apresentando quedas e saltos, respectivamente. No entanto, expectativas de corte de juros nos EUA, impulsionadas por sinais de desaceleração no mercado de trabalho americano, têm contribuído para a valorização do real.
Paulo Serra, especialista em Financiamento de Infraestrutura e ex-prefeito de Santo André (SP), adverte que a aparente resiliência do mercado brasileiro é temporária. “Essa resistência tem prazo de validade. Hoje, ainda temos estoques, contratos e um câmbio que ajudam a amortecer o impacto. Mas se nada for feito, em três a seis meses, os efeitos começam a aparecer”, declarou Serra à Revista Oeste.
Marco Saravalle, economista com mestrado em Economia e Finanças pela Fundação Getulio Vargas, destaca que o bom desempenho de algumas empresas e o interesse de investidores também têm ajudado a sustentar o mercado. Contudo, ele ressalta que as decisões do Federal Reserve (Fed) serão determinantes para a reação do mercado brasileiro nos próximos meses.
Lucas Borges, financista com especializações pela Harvard Business School e London School of Business and Finance, aponta para os juros elevados no Brasil como um fator que atrai capital externo no curto prazo. “Esta resistência tende a ser temporária”, alerta Borges, que também cita a existência de estoques e contratos já firmados, que amortecem o impacto imediato sobre as exportações.
Diante desse cenário, Borges desaconselha a China como solução imediata, pois as exportações brasileiras para os EUA são, em grande parte, de produtos finais e de maior valor agregado. Ele defende uma ação governamental dinâmica e eficiente, antes que os prejuízos se tornem evidentes. “Contar exclusivamente com um câmbio estável ou em queda para mitigar o impacto das tarifas não é estratégia robusta”, conclui Borges, enfatizando a volatilidade do mercado de câmbio.
Fonte: http://revistaoeste.com