Triste realidade da CEU, largada em um cenário de destruição

Triste realidade da CEU, largada em um cenário de destruição

* Geraldo Serathiuk

Hoje dia 14/08/2025 ao visitar a CEU (Casa do Estudante Universitário), acompanhado do ex-morador da ala dos vestibas meu amigo Messias Silva, para levar algumas doações e atualizar o diagnóstico que fiz em novembro de 2023, onde finalizei o documento dizendo: “se nada for feito vai colapsar”, me senti dentro do cenário de destruição de um filme do cineasta russo Andrei Tarkovski, da escola de cinema slow (lento) que tanto admiro.

A destruição não é só na ala do incêndio ocorrido na semana passada e nas alas que foram interditadas em razão das obras inacabadas da Prefeitura Municipal de Curitiba.

A destruição é geral, nos banheiros, portões, salas, quartos, enfim, em tudo interna e externamente.

Sou do tempo que a Casa possuía uma fazenda, granja e chácara, os estudantes moradores trabalhavam de forma árdua e produziam alimentos para abastecer o nosso restaurante.

Havia até um banco, onde trabalhei, que fornecia crédito para os moradores, e também uma loja de roupas que vendia a preço de custo.

Enfim, era como uma cidade onde 400 estudantes trabalhavam nos departamentos com muito amor e orgulho, e se apoiavam, pois não existiam programas de assistência governamental aos estudantes.

Eram tempos em que os amigos eram a família para nós vindos do interior.

Tempos de lutar pela democracia e pela eleição do nosso ex-morador, o nosso querido e inesquecível José Richa. Eram outros tempos.

E por isso é difícil aceitar esta realidade e temos buscado diálogo com o Ministério Público do Paraná, que tem a função de orientar e fiscalizar a Casa, onde protocolei o diagnóstico em 2023, como também, com a Prefeitura Municipal de Curitiba em razão do projeto iniciado cuja obra se encontra inacabada, com a Sanepar e os Bombeiros em razão dos comunicados de possibilidade de interdição e outras instituições afins.

Com alguns tivemos sucesso, com outros não.

Pois a OMISSÃO é grande.

Mas não podemos desistir.

Afinal, o nosso propósito não é político ou financeiro, apenas de gratidão e carinho e pelas memórias afetivas, que temos por este local histórico, onde vivem jovens de forma precária e desumana.

Abaixo atualizo o diagnóstico de novembro de 2023, que também vou protocolar no Ministério Público do Paraná.

DIAGNÓSTICO ATUALIZADO:

  1. Telhado apodrecido e colapsando, gerando infiltração, alagamento no andar superior, inviabilizando o uso de espaço moradia para 20 novos moradores no andar superior.
  2. Alas com 25 quartos em estado de degradação, com 50 vagas para novos moradores, sem uso, em razão da Prefeitura Municipal de Curitiba ter interrompido a reforma, com a falência das empreiteiras. Os 25 quartos em estado deplorável estão sem uso desde 2007, ou seja, 18 anos sem uso. E o mais grave, recentemente, a Prefeitura Municipal, de forma informal, devolveu os projetos e comunicou que o dinheiro que sobrou em rubrica da obra, foi usado para outra finalidade.
  3. Sistema de combate a incêndio precisa de manutenção, já que o feito por empresa contratada, após comunicação do Corpo de Bombeiros, mostrou-se inoperante, uma vez que o sistema automático de combate a incêndio, do alarme e os hidrantes não funcionaram no momento do incêndio da semana passada.
  4. Aproximadamente 100 estudantes continuam vivendo em estado de insegurança alimentar, pois, não são autorizados ao uso do RU da UFPR, já que a CEU fechou o seu restaurante e não fornece mais alimentação, bem como outros serviços existentes no passado. Com isso, os estudantes têm usado os quartos para fazer refeições, porém não existe estrutura elétrica e hidráulica para tanto. O que levou a aviso de interdição da Sanepar e do Corpo de Bombeiros.
  5. Receita mensal da CEU de aproximadamente 100 mil reais e despesas com o mesmo valor, não resulta em capital para realizar reformas e melhorias necessárias.
  6. Perda das certidões dos Conselhos Sociais, municipal, estadual e federal, para possibilitar captação de recursos em entes públicos. Os títulos de utilidade pública municipal e estadual foram reconquistados recentemente por ex-moradores.
  7. Necessidade de reforma e retomada da casa de praia, com objetivo de aumentar receita. O locatário deixou de pagar os aluguéis, recebeu comunicação extra judicial para pagamento, e não o fez, o que levará a um pedido de despejo.
  8. Ações judiciais pela retomada da Chácara de Colombo e da Fazenda em Antonina, em tramitação. A Casa teve que se desfazer de patrimônio durante os anos, a exemplo de sua granja em Pinhais, devido as dívidas na Receita Federal, na esfera previdenciária, e nas contas de água e luz entre outras e perdeu a posse da Chácara e da Fazenda, ora reivindicada nas ações judiciais, que encontram-se em tramitação.
  9. Falta de informações sobre o perfil dos atuais moradores: universidade, curso, fases de estudo, tempo de moradia, renda, origem, uso benefícios de programas de assistência estudantil, local de estágio, entre outras. O que nos faz lembrar o ditado da Esfinge: “Decifra-me ou devoro-te.” E para mim, a Casa sendo a Esfinge, mudaria para decifra-me ou devoro-me.
  10. Há 60 dias os 2 transformadores explodiram e deixaram a Casa sem energia por um período, agora o incêndio veio a ocorrer.

Como alertado no diagnóstico formulado em novembro de 2023, caso não sejam tomadas as providências necessárias, e as instituições continuarem OMISSAS como tenho testemunhado, a Casa vai caminhar para o colapso, com riscos de uma tragédia maior sobre esses jovens, já que está em processo de precarização estrutural e de serviços oferecidos aos estudantes, por falta de capacidade financeira.

* Geraldo Serathiuk – Advogado e ex-morador

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Fonte:Blog do Tupan

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