Diretor do SENAI causa indignação ao exigir que vítimas de gordofobia se desculpem com servidora denunciada

Diretor do SENAI causa indignação ao exigir que vítimas de gordofobia se desculpem com servidora denunciada
Roberta Justus, servidora acusada de gordofobia (Divulgação: Rede Geração.com)

Um episódio recente envolvendo a condução de um programa educacional técnico tem gerado ampla repercussão no meio acadêmico e sindical. Segundo denúncias formalizadas, o diretor do SENAI teria determinado que alunos e professores vítimas de discriminação pedissem desculpas à servidora acusada de cometer gordofobia — justamente a mesma funcionária apontada como responsável por erros operacionais graves e conduta abusiva.

O caso aconteceu no contexto de um projeto que uniu alunos de instituições públicas e o setor de educação profissional. A polêmica começou após a servidora, durante a entrega de uniformes, zombar do corpo de uma estudante com sobrepeso, sugerindo que ela juntasse duas camisetas para formar uma. O episódio foi testemunhado por vários alunos e professores, que relataram constrangimento coletivo e prática discriminatória clara.

Na sequência, em vez de apoio institucional às vítimas, a atitude do diretor do SENAI surpreendeu negativamente os envolvidos. Durante uma reunião interna, ele teria feito pressão para que os denunciantes recuassem, pedissem desculpas à servidora e “não criassem mais problemas” — atitude que foi interpretada como tentativa de silenciamento e inversão da responsabilidade.

As denúncias não se limitam à agressão verbal. A servidora também é apontada como a principal responsável pela má execução do projeto: a licitação de uniformes não contemplou tamanhos maiores, houve atraso na coleta das medidas e os equipamentos de proteção individual (EPIs) não foram fornecidos aos alunos durante aulas práticas. Estudantes com deficiência ou transtornos cognitivos teriam sido expostos a ambientes sem suporte adequado, o que configura risco à integridade física e emocional dos participantes.

Indignados com a postura institucional, alunos e professores formalizaram queixas junto a órgãos como o Ministério Público do Paraná (MP-PR), o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Controladoria-Geral do Estado (CGE-PR), o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) e o Ministério dos Direitos Humanos. As peças enviadas pedem investigação por assédio moral, abuso de autoridade, omissão de dever de cuidado e possível conivência institucional.

A ausência de respostas públicas por parte dos órgãos gestores e instituições envolvidas tem intensificado a insatisfação da comunidade acadêmica. Para muitos, o silêncio é sinal de omissão ou tentativa de abafar o caso. Grupos de direitos humanos e coletivos estudantis já organizam manifestações cobrando responsabilização dos envolvidos e garantia de proteção às vítimas.

A situação também levanta questionamentos sobre os critérios técnicos e éticos de seleção dos gestores envolvidos no programa, bem como sobre a qualidade do controle interno de projetos públicos em ambiente educacional. Especialistas alertam que, sem uma resposta firme das autoridades, abre-se um precedente perigoso de naturalização da violência institucional e da impunidade no serviço público.

Ouça parte dos fatos:

Fonte: Portal Rede Geração

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