Checagem de Fatos: Uma Década Transformando o Jornalismo e a Política no Brasil

Checagem de Fatos: Uma Década Transformando o Jornalismo e a Política no Brasil

Há dez anos, o cenário da informação no Brasil começou a mudar drasticamente com o surgimento das agências de checagem de fatos. O que antes era uma busca incerta por veracidade em meio a notícias virais, tornou-se um processo mais acessível e confiável. Agências como Aos Fatos e Lupa, pioneiras nesse campo, pavimentaram o caminho para um jornalismo mais assertivo e uma política mais transparente.

As agências Aos Fatos (2015), Agência Lupa (2015), Uol Confere (2017) e Estadão Verifica (2018) surgiram como guardiãs da informação. A Aliança Internacional de Checagem de Fatos (IFCN) endossa a qualidade do trabalho destas agências. Em entrevista à Agência Brasil, as diretoras executivas de Aos Fatos, Tai Nalon, e da Agência Lupa, Natália Leal, destacaram o impacto significativo que a checagem de fatos teve no jornalismo e na política brasileira.

Tai Nalon, da Aos Fatos, observa que as redes sociais permitiram que figuras públicas divulgassem suas versões dos fatos sem a mediação do jornalismo tradicional, aumentando a disseminação de desinformação. “A checagem de fatos surge para verificar o discurso de políticos que se aproveitavam dessa desmediação para falar com o eleitorado”, explica Nalon, ressaltando o papel crucial das agências em desmascarar informações falsas e enganosas.

Natália Leal, da Agência Lupa, complementa que o trabalho das agências influenciou a forma como os políticos se comunicam, tornando-os mais cautelosos com suas declarações. Além disso, Leal aponta que o jornalismo em geral se tornou mais assertivo, passando a confrontar declarações de figuras públicas com fatos comprovados. “O jornalismo deu uma acordada e passou a ser mais assertivo”, afirma Leal.

A Aos Fatos, celebrando uma década de atuação, divulgou números impressionantes: mais de 19 mil checagens, incluindo a verificação de declarações de 167 figuras públicas e o desmascaramento de boatos nas redes sociais. A desinformação política e eleitoral foi o tema predominante, seguido de perto por questões de saúde, especialmente durante a pandemia de Covid-19. A cobertura do governo Bolsonaro também se destacou, com a identificação de inúmeras declarações falsas ou distorcidas.

Tai Nalon alerta para os novos desafios, como a redução de mecanismos de moderação e checagem de fatos por algumas plataformas digitais. Ela defende um maior investimento em checagem e moderação de conteúdo para combater a desinformação em larga escala. “Não vai ser uma inteligência artificial sozinha que vai conseguir combater desinformação em escala”, enfatiza Nalon.

Além disso, as agências de checagem enfrentam campanhas de desinformação que buscam desacreditá-las. Natália Leal destaca a importância de combater a retórica de que a checagem de fatos é uma forma de censura, reafirmando que se trata de jornalismo em defesa da liberdade de imprensa e expressão.

A Agência Lupa, em seus preparativos para a COP 30 em Belém, lançará o selo “Lupa no Clima” para combater notícias falsas e o negacionismo climático. Natália Leal enfatiza a necessidade de reinvenção constante para lidar com os desafios do financiamento do jornalismo e alcançar novos públicos. “Estamos conseguindo evoluir no que a gente faz e na forma como a gente se conecta com as pessoas”, conclui Leal, otimista com o futuro da checagem de fatos no Brasil.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

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