Fuga da Poupança Acende Alerta na Construção Civil: Saques Disparam e Setor Busca Alternativas

A sangria na caderneta de poupança se intensificou no primeiro trimestre de 2025, ultrapassando o volume de saques de todo o ano anterior. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), os saques superaram os depósitos em R$ 34,6 bilhões, um cenário preocupante em comparação com a captação negativa de R$ 21,7 bilhões em 2024. A entidade alerta que essa fuga de recursos impacta diretamente a expansão da construção civil, que depende, em parte, dos financiamentos provenientes da poupança.
Desde 2021, a poupança tem demonstrado uma trajetória de perdas, contrastando com o pico de depósitos registrado em 2020, auge da pandemia, quando os depósitos superaram os saques em expressivos R$ 125,3 bilhões. No acumulado desde então, as perdas já totalizam R$ 244,12 bilhões. A alta da taxa Selic, atualmente em 14,25%, é apontada como um dos principais fatores que contribuem para essa migração de recursos.
A Selic elevada torna a poupança menos atrativa em comparação com outras opções de investimento, além de encarecer o crédito imobiliário, dificultando a aquisição de novos imóveis. “As dificuldades de crédito que a alta taxa de juros impõem e a elevação dos custos comprometem a viabilidade de projetos”, destaca Renato Correia, presidente da CBIC, ressaltando o impacto negativo no planejamento de novos empreendimentos, especialmente na habitação de interesse social.
Diante desse cenário, o setor da construção civil busca alternativas para diversificar as fontes de financiamento e reduzir a dependência da poupança. A ideia é atrair mais recursos do mercado de capitais para o funding imobiliário. Segundo a CBIC, o número de lançamentos de novos imóveis já registrou uma queda de 7% no primeiro bimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Até fevereiro de 2025, o funding imobiliário era composto em 31% por recursos da poupança, um percentual em declínio. Sandro Gama, presidente da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), lembra que essa proporção já chegou a ser de 70%, evidenciando a necessidade urgente de novas estratégias para impulsionar o setor.
Fonte: http://www.infomoney.com.br