Cientistas alertam: jovens enfrentam crescente onda de infelicidade

A juventude, frequentemente celebrada como o ápice da vida, está perdendo seu brilho. Contrariando a ideia de que essa fase é marcada por alegria e vitalidade, estudos recentes apontam que os jovens estão cada vez mais infelizes, um problema que exige atenção urgente.
O início da vida adulta tem se tornado sinônimo de mal-estar. Um estudo liderado pelo economista David Blanchflower, da Universidade de Dartmouth, desafia a visão tradicional de que o bem-estar segue uma curva em U, com picos de felicidade na infância, juventude e após os 50 anos.
“Mais de 600 estudos já indicaram que a felicidade forma uma curva em U ao longo da idade, com a infelicidade atingindo um pico na meia-idade. Essa tendência foi consistentemente observada em diversos conjuntos de dados”, escreveu Blanchflower.
No entanto, essa dinâmica mudou. Desde 2017, jovens adultos se tornaram o grupo menos feliz, enquanto a felicidade aumenta com a idade. “Os jovens são agora os menos felizes, e a infelicidade diminui com o passar dos anos”, afirmam os pesquisadores. Essa inversão foi observada em 145 países, de nações desenvolvidas a em desenvolvimento.
A curva em U da felicidade deu lugar a uma linha quase reta, com a satisfação sendo maior no final da vida e menor no início da idade adulta. Cerca de uma em cada nove mulheres jovens nos EUA considera todos os dias como “ruins” para sua saúde mental, enquanto entre homens jovens a proporção é de um em cada 14.
O aumento de jovens buscando serviços de saúde mental, sendo internados por automutilação ou tentando suicídio é alarmante. “Esse padrão se repete em 43 países. É preocupante, e deveríamos ter agido há anos”, alerta Blanchflower.
As causas dessa queda no bem-estar permanecem incertas. A pandemia de COVID-19 e o mercado de trabalho não explicam totalmente o fenômeno, já que a infelicidade começou a crescer por volta de 2014, quando a economia global dava sinais de melhora. “Precisamos de uma explicação que seja global, iniciada em 2014 e afete desproporcionalmente os jovens, especialmente mulheres”, explica Blanchflower.
Resolver esse enigma é crucial para reverter a crise de bem-estar entre os jovens. A sociedade precisa enfrentar esse desafio antes que a infelicidade se torne a nova norma para as gerações mais jovens.