Sindicato de Despachantes Aduaneiros de Santos alerta: tarifa de Trump paralisa cargas de alimentos no maior porto do Brasil

Sindicato de Despachantes Aduaneiros de Santos alerta: tarifa de Trump paralisa cargas de alimentos no maior porto do Brasil

O Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santos e Região (SDAS) emitiu um alerta sobre a paralisação das exportações de alimentos no Porto de Santos, principal porto do Brasil, após o anúncio da imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, feita pelo ex-presidente Donald Trump. A tarifa, que entrará em vigor em 1º de agosto de 2025, já começa a afetar a movimentação portuária, impactando a rotina da cadeia logística e aduaneira.

De acordo com o SDAS, cargas de pescados, frutas, sucos e carnes estão retidas nos terminais, sem previsão de embarque. A insegurança gerada pela nova tarifa fez muitas empresas, principalmente pequenas e médias, suspendessem ou cancelassem seus envios. Empresas lidam com devoluções de mercadorias aos centros de distribuição e mantêm cargas paradas em galpões próprios, pois o custo e o prazo médio de transporte (até 20 dias) tornam inviável o envio com a nova tributação.

Levantamento do sindicato aponta que 58 contêineres com pescados, equivalentes a cerca de 1.000 toneladas, estão paralisados no Porto de Santos. O setor cafeeiro, um dos maiores exportadores para os EUA, também enfrenta incertezas sobre seus embarques futuros.

Hugo Cesar Evangelista, secretário do SDAS, destacou que muitas pequenas empresas optam por não exportar devido ao risco de tarifas adicionais inesperadas, refletindo a insegurança tributária e o risco comercial causados pela medida.

Entre os impactos para a cadeia aduaneira estão a incerteza jurídica nos contratos com importadores americanos, aumento dos custos de armazenagem e risco de perecimento das cargas, além da redução do volume de trabalho nos terminais e nas áreas alfandegadas, afetando diretamente profissionais como despachantes, operadores logísticos e transportadoras.

A tarifa foi anunciada como retaliação à condução do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo governo dos EUA. O Brasil já sinalizou que buscará medidas na Organização Mundial do Comércio (OMC) e poderá rever acordos comerciais com os Estados Unidos. Em 2024, o Porto de Santos exportou cerca de 8,1 milhões de toneladas aos EUA, movimentando cerca de R$ 12,8 bilhões, o que representa 12,6% do volume total do complexo portuário.

Com a entrada em vigor da tarifa no início de agosto, espera-se aumento nas cargas represadas e possível redirecionamento para outros mercados, enquanto o governo brasileiro e a OMC avaliam as possíveis respostas, incluindo isenções ou compensações emergenciais. O SDAS reforça o compromisso de acompanhar os desdobramentos para garantir segurança jurídica e a continuidade das operações de exportação brasileiras.

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