Trump retira EUA da Unesco e acusa entidade de viés ideológico e antissionismo

O governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (22) a retirada do país da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A decisão, comunicada pelo Departamento de Estado, foi justificada pela alegação de que a Unesco promove uma agenda ideológica, além de exibir um viés pró-Palestina e pró-China que contraria os interesses nacionais americanos.
A retirada ocorre após uma revisão de 90 dias iniciada em fevereiro, que investigou possíveis casos de antissemitismo e atitudes anti-Israel dentro da organização. Segundo a administração Trump, a Unesco apoia iniciativas culturais e sociais consideradas divisórias e contrárias ao que chamou de ‘senso comum americano’. Entre as críticas estão a criação de um “kit antirracismo” em 2023 e a campanha “Transformando Mentalidades” de 2024, abordando questões de gênero e justiça social. O governo criticou ainda a designação da Palestina como território ocupado e o discurso crítico à atuação militar de Israel contra o Hamas.
Outro ponto destacado foi a influência da China, que, segundo autoridades americanas, usa sua participação na agência para promover seus interesses globais. Os Estados Unidos são atualmente responsáveis por cerca de 8% do orçamento da Unesco, valor inferior aos 20% que financiavam na primeira saída do país da entidade, em 2017, também durante o governo Trump. Após o retorno à organização em 2023, na gestão de Joe Biden, agora o país formaliza novamente sua saída, com efeito previsto para dezembro de 2026.
A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lamentou a decisão, afirmando que, embora seja desapontante, a saída dos EUA já era esperada e a organização estava preparada para esse desfecho. Esta decisão representa um novo rompimento entre os Estados Unidos e a agência da ONU fundada para promover a paz por meio da cooperação internacional em educação, ciência e cultura.