EUA buscam acordo com Brasil para acesso a nióbio e terras raras no contexto de tarifas comerciais

EUA buscam acordo com Brasil para acesso a nióbio e terras raras no contexto de tarifas comerciais
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos EUA, Donald Trump (EVARISTO SA/AFP e Kevin Dietsch/Getty/VEJA)

Há alguns dias de implementação de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, os Estados Unidos sinalizaram interesse em estabelecer um acordo comercial com o Brasil voltado ao fornecimento de minerais críticos e estratégicos, como o nióbio e as terras raras. A pauta foi levantada por Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, durante reunião com líderes do setor de mineração brasileiro.

As terras raras são um conjunto de 17 elementos utilizados em tecnologias avançadas, incluindo ímãs permanentes para motores elétricos, turbinas eólicas, baterias e equipamentos militares. O Brasil detém mais de 90% da produção mundial de nióbio, metal essencial para reforçar ligas metálicas em setores como aeroespacial, automotivo e construção civil.

Proposta para evitar escalada tarifária

A sugestão dos EUA, segundo fontes presentes na reunião, tem o objetivo de criar um canal de diálogo para evitar o agravamento da disputa tarifária marcada para 1º de agosto. O Brasil é considerado estrategicamente importante para suprir insumos essenciais à transição energética e à indústria tecnológica global. O presidente Lula, ao comentar o tema, ressaltou que “ninguém põe a mão” nas riquezas naturais brasileiras.

Além do nióbio, o Brasil é detentor das maiores reservas mundiais de grafite, segunda maior de terras raras e terceira maior de níquel, despertando o interesse dos EUA que buscam reduzir a dependência da China nessas cadeias produtivas.

Plano conjunto bilateral

Em junho, a Amcham Brasil e a U.S. Chamber of Commerce apresentaram um plano conjunto aos governos dos dois países, incluindo cinco frentes: ação estratégica, mapeamento geológico, financiamento de projetos, desenvolvimento tecnológico, e sustentabilidade com engajamento comunitário.

A Agência Internacional de Energia estima que a demanda por lítio deverá quintuplicar até 2040, enquanto a procura por grafite e níquel deve dobrar, e a de cobalto e elementos de terras raras crescer entre 50% e 60%. O cobre também terá aumento na demanda, puxado pela mobilidade elétrica e sistemas de armazenamento de energia.

Este movimento reflete a crescente importância dos minerais estratégicos na geopolítica e no futuro energético global, colocando o Brasil como peça-chave nesse cenário.

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