Reflexões sobre a geografia do cerco

Reflexões sobre a geografia do cerco

Um olhar crítico sobre a presença do Estado nas favelas

Reflexões sobre a geografia do cerco
Reflexão, pensamento

O texto analisa a ausência do Estado nas favelas e sua presença marcada pela violência.

No dia 5 de novembro de 2025, Helena Degreas aborda a relação entre o Estado e as favelas, revelando que a presença governamental, muitas vezes, se traduz em violência e cerco. Ela menciona que cresceu acreditando que o governo seria como um pai distante, que um dia traria justiça e dignidade, mas que, ao chegar, trouxe apenas repressão.

A ausência do Estado e suas consequências

Degreas explica que, na falta de uma presença estatal efetiva, outros poderes como o tráfico, a milícia e a igreja ocuparam o espaço, criando suas próprias leis e promessas. A autora reflete sobre a construção de um espaço social marcado pela informalidade e pela sobrevivência em um ambiente negligenciado.

O retorno violento do Estado

Quando o Estado finalmente retorna, ele o faz de forma opressiva, simbolizado pela presença de operações policiais armadas, onde a promessa de direitos é substituída por tiros e medo. A autora critica a retórica do “confronto” que, segundo ela, na prática é apenas um cerco silencioso e mortal, refletindo uma política de desistência disfarçada de segurança.

A dualidade da cidadania

A reflexão de Degreas revela que, em um mesmo espaço geográfico, existem duas realidades distintas: uma que recebe políticas públicas e outra que é alvo de operações militares. Ela expõe a hipocrisia do discurso oficial que diz que o Estado perdeu o controle, quando na verdade, escolheu um tipo de controle que se impõe pelo medo. A cidade, portanto, permanece dividida, revelando a urgência de se repensar a presença estatal nas favelas.

A conclusão de Degreas é clara: falta um Estado que construa e que se faça presente sem armas, um Estado que não trate a população como alvo. Sem essa mudança, a divisão entre os cidadãos e aqueles que vivem sob cerco continuará a ser uma realidade dolorosa.

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