A obscenidade das paisagens urbanas

A obscenidade das paisagens urbanas

Reflexões sobre a invisibilidade social nas cidades

A obscenidade das paisagens urbanas
Cegueira

Helena Degreas discute a obscenidade das paisagens urbanas, abordando a invisibilidade dos famintos nas cidades.

Em 5 de novembro de 2025, Helena Degreas reflete sobre a invisibilidade social nas cidades, abordando como a miséria é tratada como um elemento a ser ocultado. A palavra “obsceno”, originária do latim, representa tudo aquilo que deve permanecer fora da cena, e, na contemporaneidade, se refere à fome e à pobreza que permeiam o espaço urbano.

A política da negação visual

A autora destaca que a verdadeira obscenidade não reside no que é exibido, mas naquilo que é removido da visão pública. A miséria é empurrada para os bastidores da cidade, enquanto o progresso e a ordem dominam a cena. Essa lógica perversa, normalizada em discursos técnicos, oculta a dor humana sob uma linguagem dissimuladora.

A estética do apagamento

Degreas menciona como a paisagem urbana censura silenciosamente a miséria, com a presença de muros e calçadas seletivas. O corpo humano se confunde com o mobiliário urbano, enquanto a dor é tratada como um ruído ambiental. Essa naturalização da dor transforma o morador de rua em um “indivíduo em situação de vulnerabilidade”, desumanizando a realidade social.

Restauração da visibilidade

Por fim, a autora conclui que o primeiro passo para enfrentar essa realidade é restaurar a visibilidade do sofrimento concreto e da miséria que nos observa. A reflexão de Saramago em 1997 é utilizada para questionar a cegueira que se tornou uma virtude nas cidades contemporâneas, desafiando-nos a reconsiderar o que realmente significa ser parte de uma cidade.

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