Heleno Nega Orquestração de Golpe em Depoimento ao STF, Alegando Contexto Distorcido

O general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, negando veementemente qualquer envolvimento na suposta trama golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Heleno é um dos réus em ação penal que investiga a tentativa de manter Jair Bolsonaro na Presidência da República.
Durante a audiência, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, Heleno exerceu seu direito ao silêncio diante das perguntas da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do magistrado. Contudo, respondeu aos questionamentos formulados por seu advogado de defesa, Matheus Mayer Milanez, buscando esclarecer sua posição em relação às acusações.
Um dos pontos centrais do depoimento foi a explicação de Heleno sobre suas declarações em uma reunião ministerial de julho de 2022. Na ocasião, ele afirmou que não haveria “segunda chamada” ou “revisão do VAR” após as eleições, declarações que agora alega terem sido proferidas em sentido simbólico. “Preocupava-me a situação política que estávamos vivendo e [a crença em] que precisávamos agir antes que isso trouxesse maiores problemas para o sucesso das eleições”, justificou.
Outro tema abordado foi o acompanhamento das campanhas eleitorais pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Heleno confirmou ter conversado com o então diretor interino da Abin, Victor Felismino Carneiro, sobre a necessidade de monitorar os movimentos das campanhas, visando evitar incidentes como o atentado sofrido por Bolsonaro em 2018. Ele negou, entretanto, que a proposta envolvesse infiltração ilegal de agentes da Abin, assegurando que a Constituição seria respeitada.
Além disso, o general negou ter orientado a produção de relatórios falsos pela Abin ou atuado para disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral. Ele também refutou a interpretação da PGR sobre anotações encontradas em sua residência, afirmando que não foram compartilhadas com terceiros e não têm relação com planos de ruptura institucional. Com o depoimento de Heleno, a fase de interrogatórios dos réus do núcleo principal da denúncia se aproxima do fim, com o julgamento previsto para o segundo semestre de 2025.
Fonte: http://www.conexaopolitica.com.br