Inflação Acelera: Alimentação e Saúde Ditam o Ritmo do IPCA de Abril e Aumentam Pressão sobre a Selic

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril revelou uma alta de 0,43%, sinalizando a persistência da inflação e gerando preocupações sobre a trajetória da taxa básica de juros, a Selic. Analistas apontam que os grupos de Alimentação e Bebidas (com alta de 0,82%) e Saúde e Cuidados Pessoais (com expressivos 1,18%) foram os principais responsáveis por impulsionar o índice.
Além do impacto desses grupos específicos, a média dos núcleos inflacionários apresentou um aumento de 0,50%, surpreendendo economistas e reforçando a percepção de que a inflação demonstra resistência em ceder. Esse cenário exerce pressão adicional sobre a política monetária, que busca controlar a atividade econômica e conter o avanço dos preços.
Leonardo Costa, economista da ASA, observa que a economia brasileira permanece “contaminada pela persistente inflação de serviços”, que se mantém em patamares elevados desde dezembro de 2024. Ele ressalta que a lenta desaceleração da inflação de serviços sugere que o mercado de trabalho aquecido continua a impulsionar a demanda agregada.
Outro ponto de atenção é a aceleração nos produtos industrializados, especialmente no setor de vestuário, e nos serviços, puxados pela alimentação fora do domicílio e serviços pessoais. Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, destaca a surpresa com a variação positiva de 0,80% na alimentação fora do domicílio, que contrariou a expectativa de desaceleração.
Diante desse quadro, as projeções para a inflação permanecem elevadas. A AZ Quest projeta uma inflação de 5,40% ao ano, enquanto o ASA estima um IPCA de 5,3% para 2025, com viés de alta devido à persistência dos núcleos inflacionários. Para 2026, a estimativa do ASA é de 5,5%, e a PicPay projeta inflação de 5,6% em 2025.
A persistência da pressão inflacionária impacta diretamente as expectativas para a taxa Selic. Analistas preveem que o Banco Central deverá promover mais uma elevação da taxa básica de juros antes de iniciar um ciclo de cortes. Costa, da ASA, projeta um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para junho.
Fonte: http://www.infomoney.com.br