Austeridade na Argentina: O “Milagre Econômico” de Milei Deixa Rastro de Sacrifícios

Austeridade na Argentina: O “Milagre Econômico” de Milei Deixa Rastro de Sacrifícios

Enquanto o governo de Javier Milei celebra avanços na estabilização da economia argentina, nem todos compartilham do otimismo. A implementação de medidas rigorosas de austeridade tem gerado impactos significativos na vida de muitos cidadãos, expondo uma face menos celebrada do chamado “milagre econômico”. A realidade para alguns argentinos é marcada por dificuldades crescentes, em meio a cortes de gastos e reestruturações no mercado de trabalho.

Christian Bialogurski, professor de comunicação, personifica essa luta. Com um salário mensal de US$450, ele enfrenta dificuldades para cobrir despesas básicas como aluguel e alimentação. “Não é suficiente. Não me sobra dinheiro até o dia 15 do mês. Às vezes peço comida à minha mãe”, relata Bialogurski, ilustrando o aperto financeiro que assola muitos trabalhadores argentinos.

As políticas de Milei trouxeram avanços inegáveis, como a redução da inflação e o primeiro superávit orçamentário em 14 anos. No entanto, a contrapartida tem sido sentida nos cortes de gastos estatais, afetando áreas como fundos de pensão, projetos de infraestrutura e salários de servidores públicos. Essa priorização do setor privado em detrimento de investimentos estatais tem gerado tensões e críticas.

Embora os salários do setor privado tenham apresentado um ligeiro crescimento em termos reais, a situação no setor público é bem diferente. Segundo a consultoria CTA Autónoma, os salários dos funcionários públicos sofreram uma queda superior a 15% após a posse de Milei. Essa disparidade acentua as desigualdades e gera insatisfação entre os trabalhadores do setor público.

O mercado de trabalho também tem passado por transformações, com um aumento do trabalho informal. Roxana Maurizio, pesquisadora do Conicet, alerta que, para muitos, ter um emprego “não é um seguro contra a pobreza”. Essa precarização do trabalho contribui para a queda no consumo e alimenta a agitação social, com protestos semanais contra as medidas de austeridade.

Os aposentados também expressam sua indignação diante da situação. Ricardo Bouche, de 69 anos, lamenta que sua pensão de US$251 não seja suficiente para cobrir despesas básicas e medicamentos. “Não posso nem mesmo comprar meus remédios. Fiz uma cirurgia de câncer de próstata há dois anos, e eles me deixaram sem remédios”, desabafa, ilustrando o drama enfrentado por muitos idosos na Argentina.

Fonte: http://www.infomoney.com.br

admin

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *