Tsunami no Brasil? Entenda por que é improvável

Tsunami no Brasil? Entenda por que é improvável
Imagem de Tsunami criada por IA

O vulcão Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, Espanha, entrou em erupção pela última vez em 2021, liberando lava e fumaça. Recentemente, o vulcão inspirou a série da Netflix Inferno em La Palma, que retrata uma erupção desencadeando um megatsunami capaz de atingir a América do Sul, incluindo o Brasil. Mas essa possibilidade é real?

A ideia vem de um estudo de 2001, publicado na Geophysical Research Letters por Simon Day e Steven Ward. Eles sugeriram que uma erupção no flanco oeste do Cumbre Vieja poderia causar um deslizamento de terra, jogando rochas no oceano e gerando um tsunami que alcançaria o litoral brasileiro. Apesar disso, a comunidade científica considera o cenário extremamente improvável.

Por que o risco é remoto?

Localizado a noroeste da África, próximo ao Marrocos e ao Saara Ocidental, o Cumbre Vieja está a milhares de quilômetros do Brasil. Estudos mais recentes, como os do pesquisador George Parara-Carayannis, presidente da Tsunami Society International, indicam que um colapso tão grande é “extremamente raro” e nunca foi registrado. Ele critica previsões alarmistas, afirmando que elas se baseiam em suposições erradas e geram ansiedade desnecessária.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos também considera um megatsunami improvável, estimando que um deslizamento significativo levaria centenas de milhares de anos para ocorrer. Avanços na modelagem de tsunamis mostram que, mesmo no pior cenário, as ondas atingiriam a costa leste das Américas com apenas 1 a 2 metros de altura — semelhante a uma maré de tempestade, não a um evento catastrófico.

O Brasil já enfrentou um tsunami?

Embora raro, o Brasil já foi atingido por um tsunami. Um estudo de 2020 da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), liderado por Francisco Dourado, revelou que, em 1755, um terremoto de 8,7 graus em Lisboa, Portugal, gerou ondas que chegaram ao Nordeste brasileiro. Evidências históricas, como cartas da época, e análises de sedimentos em praias da Paraíba e Pernambuco confirmam que ondas de até 1,9 metro penetraram até 4 km em algumas áreas.

Apesar disso, a probidade de novos tsunamis no Brasil é baixa, devido à ausência de terremotos submarinos significativos na região. O geólogo José Alberto Vivas Veloso, autor do livro Tremeu a Europa e o Brasil também, destaca que eventos assim são raros, mas não impossíveis. Ele analisa casos de “ondas incomuns” no litoral brasileiro, como em São Vicente (SP, 1541) e Cananeia (SP, 1789), mas a maioria não se qualifica como tsunamis verdadeiros.

Prevenção no Brasil

O geólogo Mauro Gustavo Reese Filho, da Universidade Federal do Paraná, alerta que, embora o risco seja mínimo, o Brasil deveria investir em sistemas de alerta e evacuação. “A possibilidade, mesmo remota, justifica medidas para proteger vidas”, diz. A falta de preparo preventivo é uma preocupação, já que a população costeira não está acostumada a lidar com esse tipo de desastre.

Conclusão

A chance de um megatsunami causado pelo Cumbre Vieja atingir o Brasil é quase nula, segundo evidências científicas atuais. Embora o país tenha registrado um tsunami em 1755, eventos assim são excepcionais. Ainda assim, especialistas defendem maior conscientização 27e preparação para desastres naturais, mesmo que improváveis.

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